quarta-feira, 27 de julho de 2011

Grécia


A Grécia (em grego: Ελλάδα, AFI: [e̞ˈlaða], transl. Elláda, ou Ελλάς, AFI: [e̞ˈlas], transl. Ellas), oficialmente República Helênica (português brasileiro) ou República Helénica (português europeu), é um país europeu localizado na parte meridional dos bálcãs e confina a norte com a República da Macedônia, com a Bulgária, e com a Albânia, a leste com a Turquia, quer em fronteira terrestre, quer com fronteira marítima no mar Egeu, a sul com o mar Mediterrâneo e a oeste com o mar Jônico, pelo qual tem ligação com a Itália.
Localizada na juntura da Europa, Ásia e África, a Grécia é o berço de nascimento da democracia,[3] da filosofia ocidental,[4] dos Jogos Olímpicos, da Literatura ocidental e da historiografia, bem como da ciência política, e dos mais importantes princípios matemáticos, e também o berço de nascimento do teatro ocidental, incluindo os gêneros do drama, tragédia e o da comédia.[5]
A Grécia é um país desenvolvido com graves problemas de ordem econômica. É membro da União Europeia desde 1981[6], membro da União Econômica e Monetária da União Europeia desde 2001, OTAN desde 1952, OCDE desde 1961, UEO desde 1995, membro fundador da Organização de Cooperação Econômica do Mar Negro e membro da AEE desde 2005. Atenas é a capital; outras importantes cidades do país são Salónica, Pátras, Iráclio, Lárissa, Vólos, Ioannina, Cavala e Rhodes.

Grego é o nome pelo qual os romanos designavam os helenos, habitantes da Hélade que ficou conhecida como Grécia. As formas portuguesa Grécia, castelhana, romena e italiana Grecia, francesa Grèce, inglesa Greece, alemã Griechenland são um eruditismo calcado sobre o latim Græcia (com o etnônimo respectivo grego, griego, grec, greco, grec, greek e griechisch, do latim græcus')'.
O geônimo latino se funda sobre o etnônimo, com sufixo (-ia), latim típico de nome de país ou região. O etnônimo latino é empréstimo ao grego graikós ("grego"), que sob a forma plural graikoí, principiou a ser episodicamente empregado em lugar do grego ΄ελληνες (helenos) somente depois de Aristóteles. Mesmo o latim Græcia, antes de designar a totalidade do país, foi usado com epítetos (Græcia Ulterior, Magna Græcia), ou no plural, Græciæ ("Grécias"), quando abarcava o todo.
O todo em latim foi de início designado como Hellas, - adis, Hélade. Assim, por exemplo, em Plínio, o Velho. Em Cassiodoro já ocorre a forma latina Hellada. Esta, por sua vez, é empréstimo do gr. Hellás - ádos, que desde Ésquilo designa a totalidade das regiões habitadas pelos helenos.

A antiga Grécia Continental fazia limites com a Ilíria a norte, a leste com o Egeu, a oeste com o mar Jónico, e a sul com o Mediterrâneo. Tinha mais de 100.000 km². As suas montanhas, com o céu quase sempre azul e seu clima suave faziam da Grécia um dos mais maravilhosos e melhores países do mundo. Foi naquele pequeno país que a civilização ocidental começou há mais de dois mil e oitocentos anos. Naquele tempo a civilização grega estava dividida em cidades-Estado (pólis) que dominavam grandes áreas das margens do Mediterrâneo e do mar Negro.
Atualmente, a Grécia é um único país de poder reduzido, e um dos menos desenvolvidos da Europa. Atenas é a capital e maior cidade do país, com quatro milhões de habitantes. Em Atenas e em outras partes da Grécia, existem esplêndidas ruínas de monumentos do passado glorioso da antiga civilização. Há milhares de anos, os gregos estabeleceram tradições de justiça e liberdade individual que são as bases da democracia e da economia de mercado. A sua arte, filosofia e ciência tornaram-se fundamentos do pensamento e da cultura ocidentais. Os gregos da Antiguidade chamavam a si próprios de helenos (todos que falavam o grego, mesmo que não vivessem na Grécia Continental), e davam o nome de Hélade a sua terra. Os que não falavam o grego eram chamados de bárbaros. Nunca formaram um governo central, porém estavam unidos pela mesma cultura, religião e língua. A Grécia tornou-se independente em 14 de Setembro de 1829, após o Tratado de Adrianópolis ser assinado entre Rússia e Turquia, o qual pôs fim à guerra de independência.

Império Persa


A evolução histórica do império persa

O planalto localizado entre o mar Cáspio e o atual golfo Pérsico é conhecido como planalto iraniano. Por volta de 2000 a.C., povos indo-europeus (arianos ou iranianos) estabeleceram-se na região. O movimento desses povos atingiu várias outras regiões, mas foi onde se localiza o atual Irã que os iranianos construíram um Estado muito forte.

Esse povo tinha duas grandes tribos, os medos e os persas, que formara dois reinos independentes no planalto iraniano. O reino dos persas, governado por uma família com o nome de Aquemênida, foi rapidamente dominado pelos medos, sob liderança do rei Ciaxares (625 a 585 a.C.). Esse soberano organizou um poderosos exército de pesada infantaria e ágil cavalaria, e derrotou os citas ( povos da região do mar negro), que ameaçava suas fronteiras; em seguida, fez uma aliança com os neobabilônicos e derrotou os assírios, em 612 a.C.

O sucessor de Ciaxares não tinha as mesmas qualidades de liderança do rei anterior. Essa foi uma das razões para que Ciro ( da família dos Aquemênidas ) tomasse o poder em 559 a.C.

A formação do império persa

Ciro inaugurou o chamado império persa. Com o aumento da população, houve a necessidade de expansão geográfica, que se iniciou com a dominação da Lídia; as colônias gregas que existiam na região passaram a fazer parte da área de influência do império persa. O exército de Ciro começou, então, a marchar para a Índia, chegando às margens do indo. Em 539 a.C., esse exército tomou a babilônia, e os povos que se encontravam sob o domínio neobabilônico ficaram sob a hegemonia da Pérsia. Foi aí que se deu o fim do lendário cativeiro babilônico dos judeus, pois Ciro permitiu que voltassem a Jerusalém e ajudou-os na reconstrução do templo, em 538 a.C.

Ciro não proibia as crenças nativas dos povos conquistados. Concedia alguma autonomia para as classes altas, que governavam as regiões dominadas pelos persas, mas exigia, em troca, homens para seu exército, alimentos e metais preciosos. Ciro morreu em 529 a.C.

Cambises, filho e sucessor de Ciro, iniciou uma difícil campanha militar contra o Egito, em 525 a.C., finalmente vencida pelos persas na batalha de Pelusa. Nessa época o império persa abrangia o mar Cáspio, o mar Negro, o Cáucaso, grande parte do Mediterr6aneo oriental, os desertos da África e da Arábia, o golfo Pérsico e a Índia. Cambises pretendia estender seus domínios até Cartago, mas não conseguiu levar esse plano adiante por causa da violenta luta pelo poder.

A luta pelo poder prosseguiu após a morte de Cambises. Dario continuou a política expansionista de seus antecessores. Sua obra mais notável foi organizar a administração desse enorme território que se tornara o império persa. Dividiu o território em províncias, chamadas satrapias, administradas pelos sátrapas (governadores). Os sátrapas tinha poder absoluto sobre seus territórios, mas prestavam contas aos fiscais do rei. Havia ainda uma espécie de primeiro-ministro que auxiliava o rei na administração. Importante é ressaltar que as principais funções eram monopólio dos persas.

Os povos dominados gozavam de uma autonomia cultural bastante grande, mas era obrigados a pagar pesados impostos; o Egito e a Mesopotâmia, por exemplo, forneciam gado, trigo, ouro, prata etc.

Dario criou um sistema de estradas ligando as mais distantes satrapias ao centro do império; essas estradas tinham postos de reabastecimento e tropa de cavalos. Introduziu a moeda ( darico), facilitando o comércio. Toda essa organização contribuiu para a centralização do poder, que era reforçada pela crença de que o imperador recebia o direito de governar das mãos dos deuses.

A riqueza para sustentar esse enorme império era fornecida por camponeses livres, que viviam em comunidades e pagavam impostos ao imperador. Havia também o trabalho escravo, mas a maioria dos trabalhadores não pertencia a essa categoria.

A decadência do império

A tomada do estreito de Bósforo e Darnelos no mar Negro pelas forças persas prejudicou o intenso comércio grego na região. O clima de tensão entra várias cidades Gregas e o império persa transformou-se em longa guerra. Em 490 a.C., Dario tentou invadir a Grécia, mas foi derrotado pelos gregos na batalha de maratona. Dario morrei e o poder passou às mãos de seu filho Xerxes, que continuo a luta contra a Grécia, sendo derrotado em 480 e 479 a.C., nas batalhas de Salamina e Platéia.

Após sucessivas derrotas, os persas foram obrigados a se retirar e reconhecer a hegemonia grega no Mar Egeu e na Ásia menor ( Lídia). Com o enfraquecimento do império, várias satrapias se revoltaram contra o domínio persa. Internamente a luta pelo poder tornou-se mais violenta. Entretanto, durante a guerra do Peloponeso (entre Atenas e Esparta) os persas tomaram novamente a Ásia Menor.

Com o assassinato de Dario III, um dos últimos sucessores do império, Alexandre Magno dominou toda a Pérsia e suas satrapias e anexou-as ao império greco-macedônico.

CULTURA E RELIGIÃO

Pelo fator de Ter dominado diferentes civilizações, os persas mais sofreram influências dos dominados do que os influenciaram. Seus palácios e monumentos lembram, quase sempre, as obras dos assírios e babilônicos. Sua escrita era derivada da cuneiforme mesopotâmica. Executaram grandes obras da engenharia, como o canal que ligava o mar vermelho ao Mediterrâneo (atual Suez).

Foi na religião, entretanto que os persas demonstraram certa originalidade. Primitivamente adoravam o Sol, a Lua e a Terra; até que Zoroastro ( ou Zaratustra) reorganizou a religião, sofisticando-a. O deus maior era Ormuz, deus do bem, que se opunha a Arimã, deus do mal. A luta entre o bem e o mal era a essência da religião de Zoroastro, que ficou conhecida como masdeísmo, fusão entre as crenças populares e os ensinamentos de Zoroastro. Essa religião baseava-se na sinceridade entre as pessoas e foi transcrita no livro sagrado Avesta. O imperador era quase um deus, pois, segundo a crença, governava por ordem de deus.

Antigo Egito


Antigo Egito (português brasileiro) ou Egipto (português europeu) foi uma civilização da antiguidade oriental do Norte de África, concentrada ao longo ao curso inferior do rio Nilo, no que é hoje é o país moderno Egito. Era parte de um complexo de civilizações, as Civilizações do Vale do Nilo, dos quais as regiões ao sul do Egito (hoje no Sudão, Eritreia, Etiópia e Somália) são uma parte. Tinha como fronteira a norte o Mar Mediterrâneo, a oeste o deserto da Líbia, a leste o deserto Oriental Africano e a sul a primeira catarata do rio Nilo.
A civilização egípcia se aglutinou em torno de 3150 a.C. com a unificação política do Alto e Baixo Egito, sob o primeiro faraó, e se desenvolveu ao longo dos três milênios. Sua história ocorreu três grandes reinos marcados pela estabilidade política, prosperidade económica e florescimento artístico, separados por períodos de relativa instabilidade conhecidos como Períodos Intermediários. O Antigo Egito atingiu o seu auge durante o Império Novo, uma era cosmopolita durante a qual o Egipto dominou, graças às campanhas militares do faraó Tutmés III, uma área que se estendia desde Curgos (na Núbia, entre a quarta e quinta cataratas do rio Nilo) até ao rio Eufrates. após o que entrou em um período de lento declínio. O Egito foi conquistado por uma sucessão de potências estrangeiras, neste período final. O governo dos faraós terminou oficialmente em 31 a.C. quando o Egito caiu sob o Império Romano e se tornou uma província romana, após a derrota da rainha Cleópatra VII na Batalha de Ácio.
A civilização egípcia foi umas das primeiras grandes civilizações da Humanidade e manteve durante a sua existência uma continuidade nas suas formas políticas, artísticas, literárias e religiosas, explicável em parte devido aos condicionalismos geográficos, embora as influências culturais e contactos com o estrangeiro tenha sido também uma realidade.
O sucesso da antiga civilização egípcia foi causada em parte por sua capacidade de se adaptar às condições do Vale do rio Nilo. A inundação previsível e a irrigação controlada do vale fértil produziam colheitas excedentes, o que alimentou o desenvolvimento social e cultural. Com recursos de sobra, o governo patrocinou a exploração mineral do Vale e nas regiões do deserto ao redor, o desenvolvimento inicial de um sistema de escrita independente, a organização de construções coletivas e projetos de agricultura, o comércio com regiões vizinhas, e campanhas militares apara derrotar os inimigos estrangeiros e afirmar o domínio egípcio. Motivar e organizar estas atividades foi uma burocracia dos escribas de elite, líderes religiosos, e dos administradores sob o controle de um faraó que garantiu a cooperação e a unidade do povo egípcio, no âmbito de um elaborado sistema de crenças religiosas.
As muitas realizações dos antigos egípcios incluem o levantamento de pedreiras, e técnicas de construção que facilitaram a construções das monumentais pirâmides, templos e obeliscos, um sistema de matemática, um sistema prático e eficaz da medicina, sistemas de irrigação e técnicas de produção agrícola, os primeiros navios conhecidos, faiança egípcia e tecnologia com vidro, novas formas de literatura e o mais antigo tratado de paz conhecido. O Egito deixou um legado duradouro. Sua arte e arquitetura foram amplamente copiadas e suas antiguidades levados para cantos distintos do mundo. Suas ruínas monumentais inspiraram a imaginação dos viajantes e escritores há séculos. Um novo respeito por antiguidades e escavações no início do período moderno levou a investigação científica da civilização egípcia e uma maior valorização do seu legado cultural, para o Egito e o mundo.

sábado, 23 de julho de 2011

Napoleão Bonaparte


Napoleão Bonaparte (em francês: Napoléon Bonaparte, nascido Napoleone di Buonaparte; Ajaccio, 15 de agosto de 1769 — Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi imperador da França de 18 de maio de 1804 a 6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815 (20 de março a 22 de junho). Sua reforma legal, o Código Napoleônico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleônicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.

Napoleão nasceu em Córsega, filho de pais com ascendência da nobreza italiana e foi treinado como oficial de artilharia na França continental. Bonaparte ganhou destaque no âmbito da Primeira República Francesa e liderou com sucesso campanhas contra a Primeira Coligação e a Segunda Coligação. Em 1799, liderou um golpe de Estado e instalou-se como Primeiro Cônsul. Cinco anos depois, o senado francês o proclamou imperador. Na primeira década do século 19, o império francês sob comando de Napoleão se envolveu em uma série de conflitos com todas as grandes potências europeias, as Guerras Napoleônicas. Após uma sequência de vitórias, a França garantiu uma posição dominante na Europa continental, e Napoleão manteve a esfera de influência da França, através da formação de amplas alianças e a nomeação de amigos e familiares para governar os outros países europeus como dependentes da França. As campanhas de Napoleão são até hoje estudadas nas academias militares de quase todo o mundo.

A Campanha da Rússia em 1812 marcou uma virada na sorte de Napoleão. Seu Grande Armée foi seriamente danificado na campanha e nunca se recuperou totalmente. Em 1813, a Sexta Coligação derrotou suas forças em Leipzig. No ano seguinte, a Coligação invadiu a França, forçou Napoleão a abdicar e o exilou na ilha de Elba. Menos de um ano depois, ele fugiu de Elba e retornou ao poder, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, em junho de 1815. Napoleão passou os últimos seis anos de sua vida confinado pelos britânicos na ilha de Santa Helena. Uma autópsia concluiu que ele morreu de câncer no estômago, embora haja suspeitas de envenenamento por arsênico.


Napoleão Bonaparte nasceu em 15 de agosto de 1769 em Ajaccio, Córsega, um ano após a ilha ser transferida para a França pela República de Gênova, e foi o segundo de oito filhos do advogado Carlo Maria Bonaparte e de Maria Letícia Ramolino, uma família descendente da pequena nobreza da Itália, que chegou à Córsega vinda da Ligúria ainda no século XVI. Foi batizado Napoleone di Buonaparte, provavelmente adquirindo seu primeiro nome de um tio (apesar de um irmão mais velho, que não sobreviveu à infância, também ter se chamado Napoleone), e anos depois mudou seu nome para Napoléon Bonaparte.

Carlo Maria Bonaparte, pai de Napoleão, foi nomeado representante da Córsega na corte de Luís XVI de França em 1777. A influência dominante na educação de Napoleão foi sua mãe, que criou com pulso firme o indisciplinado filho. Teve os irmãos José, Lucien, Elisa, Louis, Pauline, Carolina e Jerônimo. Havia também outras duas crianças, um menino e uma menina, que nasceram antes de José, mas morreram ainda na infância. Napoleão foi batizado pouco antes de seu segundo aniversário, em 21 de julho de 1771, na Catedral de Ajaccio.

Seu passado de relativa nobreza e suas conexões familiares permitiram que ele tivesse boas oportunidades de educação, acima da média da época para a região. Em janeiro de 1779, Napoleão estava matriculado em uma escola religiosa em Autun, para aprender francês, e em maio entrou em uma academia militar em Brienne-le-Château. Falava com um sotaque córsego e nunca aprendeu a soletrar corretamente. Foi provocado por outros estudantes por causa de seu sotaque e começou a se dedicar à prática da leitura. Ele era notavelmente dedicado em matemática, e também muito familiarizado a história e geografia.

Ao completar seus estudos em Brienne, em 1784, Napoleão entrou para a Escola Militar de Paris, e ainda que sempre tenha se interessado, a princípio, em uma formação naval, acabou estudando para se tornar oficial de artilharia, e quando a morte de seu pai reduziu sua renda, foi forçado a terminar o curso de dois anos em apenas um.

Ao se formar, em setembro de 1785, Bonaparte se tornou segundo tenente do regimento de artilharia de La Fère, e serviu em Valença e Auxonne, até a eclosão da Revolução Francesa em 1789. Napoleão passou os primeiros anos da Revolução em Córsega, atuando em uma complexa luta entre realistas, revolucionários e nacionalistas córsegos. Apoiou os jacobinos revolucionários, foi promovido a tenente-coronel e comandou um batalhão de voluntários. Então, em julho de 1792 conseguiu convencer as autoridades de Paris a promovê-lo a capitão. Voltou para a Córsega e entrou em conflito com o líder local Pasquale Paoli, que sabotou uma investida francesa na ilha italiana de La Maddalena, onde Bonaparte era um dos líderes da expedição, e por causa disso Bonaparte e sua família tiveram de fugir para a França continental em junho de 1793.

Em julho de 1792, Napoleão publicou um panfleto pró-republicano, Le Souper de Beaucaire, o que fez com que ele ganhasse a admiração e o apoio de Augustin Robespierre, irmãos mais novo do líder revolucionário Maximilien Robespierre. Com a ajuda do companheiro corso Antoine Christophe Saliceti, Bonaparte foi nomeado comandante da artilharia das forças republicanas no cerco de Toulon. A cidade havia se sublevado contra o governo republicano e foi ocupada por tropas britânicas. Ele usou um plano para capturar um monte que permitiria que dominassem o porto da cidade e forçassem os navios ingleses a evacuar. A ofensiva, durante a qual Napoleão foi ferido na coxa, levou à captura da cidade e à promoção dele a general de brigada. Suas ações chamaram a atenção do Comitê de Salvação Pública, e ele foi encarregado da artilharia do exército francês na Itália. Enquanto esperava pela confirmação do cargo, Napoleão passou um tempo como inspetor de fortificações costeiras na costa do Mediterrâneo, perto de Marselha. Arquitetou planos para atacar Piemonte como parte da campanha contra a Primeira Coligação e então foi mandado em missão, por Augustin, à República de Gênova, para entender as intenções do país em relação à França.

Após a queda dos irmãos Robespierre no 9 Termidor, em julho de 1794, Bonaparte foi colocado sob prisão domiciliar em Nice por sua associação com eles. Foi libertado após duas semanas e devido a sua habilidade técnica foi convidado a elaborar planos para atacar as posições italianas na guerra da França com a Áustria. Ele também participou de uma expedição para retomar Córsega dos britânicos, mas os franceses foram expulsos pela marinha britânica.

Bonaparte ficou noivo de Désirée Clary, irmã de Júlia Clary, esposa de José, o irmão mais velho de Napoleão; os Clarys eram uma família de comerciantes ricos de Marselha. Em abril de 1795, ele foi designado para o Exército do Oeste, que estava envolvido na Rebelião da Vendéia. Para ocupar o comando de artilharia, ele seria rebaixado do cargo de general de artilharia - cargo em que o contingente estava lotado - e declarou saúde precária para evitar o destacamento. Ele foi movido para o Departamento de Topografia do Comitê de Salvação Pública e tentou, sem sucesso, ser transferido para Constantinopla, a fim de oferecer seus serviços ao Sultão. Durante este período, ele escreveu uma novela romântica, Clisson et Eugénie , sobre um soldado e sua amante, em um claro paralelo à própria relação de Bonaparte com Désirée. Em 15 de setembro, Bonaparte foi removido da lista de generais em serviço regular por sua recusa em servir na campanha de Vendée. Ele enfrentou então uma difícil situação financeira e a redução nas perspectivas de carreira.

Em 3 de outubro, realistas em Paris, declararam uma rebelião contra a Convenção Nacional depois que eles foram excluídos de um novo governo, o Diretório. Um dos líderes da Reação Termidoriana, Paul Barras, soube das façanhas militares de Bonaparte em Toulon e lhe deu o comando das forças improvisadas em defesa da Convenção no Palácio das Tulherias. Bonaparte havia testemunhado o massacre da Guarda Suiça naquele mesmo lugar, anos antes, e percebeu que a artilharia seria a chave para a defesa. Ele ordenou que um jovem oficial de cavalaria, Joachim Murat, aproveitasse os grandes canhões e os usou para repelir os agressores em 5 de outubro de 1795 (13 Vendémiaire An IV no calendário republicano francês). Mil e quatrocentos realistas morreram, e o resto fugiu.

A derrota da insurreição realista extinguiu a ameaça à Convenção e deu a Bonaparte fama repentina, riqueza, e o apoio do novo Diretório. Murat se tornaria seu cunhado e um de seus generais, e Napoleão logo foi promovido a comandante do exército do interior e recebeu o comando do exército francês na Itália (o chamado Armée d'Italie).Em março de 1796, após romper com Désirée Clary, Bonaparte se casou com Joséphine de Beauharnais, ex-amante de Barras.

Dois dias depois do casamento, Bonaparte deixou Paris para assumir o comando do Exército da Itália e o liderou em uma invasão bem-sucedida da Itália. Na Batalha de Lodi derrotou as forças austríacas e os expulsou de Lombardia. Foi derrotado em Caldiero por forças de reforço austríacas, lideradas por Joseph Alvinczy, e recuperou a iniciativa na crucial Batalha da Ponte de Arcole e pôde subjugar os Estados Pontifícios. Bonaparte se posicionou contra a vontade dos ateus do Diretório de marchar para Roma e destronar o papa, argumentando que isso iria criar um vazio de poder, que seria explorado pelo Reino de Nápoles. Em vez disso, em março de 1797, Bonaparte levou seu exército para a Áustria, forçando o país a negociar a paz. O Tratado de Leoben deu à França o controle da maior parte do norte da Itália e os Países Baixos, e uma cláusula secreta prometeu a República de Veneza para a Áustria. Bonaparte marchou para Veneza e forçou a sua rendição, pondo fim em 1100 anos de independência; ele também autorizou os franceses a saquearem tesouros como o Cavalos de São Marcos.

Sua aplicação de ideias convencionais militares para situações do mundo real possibilitaram seus triunfos militares, assim como o uso criativo da artilharia como uma força móvel para apoiar a sua infantaria. Ele se refere à sua tática assim: "Eu lutei sessenta batalhas e não aprendi nada que não sabia no começo. Olhe para César; ele lutou a primeira como a última." Nesta campanha italiana, o exército de Napoleão capturou 150.000 prisioneiros, 540 canhões e 170 bandeiras. O exército francês lutou em 67 ações e venceu 18 batalhas através da tecnologia superior de artilharia e táticas de Bonaparte.

Durante a campanha, Bonaparte tornou-se cada vez mais influente na política francesa; ele fundou dois jornais, ambos para as tropas do seu exército e também para circulação na França. Os realistas atacaram Bonaparte por saques na Itália e alertou que ele poderia se tornar um ditador. Bonaparte enviou o General Pierre Augereau para Paris para liderar um golpe de Estado em 4 de setembro, o chamado Coup of 18 Fructidor. Isto levou Barras e seus aliados republicanos novamente ao poder, mas dependentes de Bonaparte, que dava continuidade às negociações de paz com a Áustria. Estas negociações resultaram no Tratado de Campoformio, e Napoleão retornou a Paris em dezembro como um herói. Ele se encontrou com Talleyrand, novo ministro do Exterior francês (que mais tarde serviria no mesmo cargo ao Imperador Napoleão) e começaram a preparam uma invasão da Inglaterra.

A sociedade francesa estava passando por um momento tenso com os processos revolucionários ocorridos no país, de um lado com a burguesia insatisfeita com os jacobinos, formados por revolucionários radicais, e do outro lado as tradicionais monarquias européias, que temiam que os ideais revolucionários franceses se difundissem por seus reinos.

O fim do processo revolucionário na França, com o Golpe 18 Brumário, marcou o início de um novo período na história francesa e, consequentemente, da Europa: a Era Napoleônica.

Pode-se dividir seu governo em três partes:

Consulado (1799-1804)
Império (1804-1815)
Governo dos Cem Dias (1815)
O governo do Diretório foi derrubado na França sob o comando de Napoleão Bonaparte, que, junto com os girondinos (alta burguesia), instituiu o consulado, primeira fase do governo de Napoleão. Este golpe ficou conhecido como Golpe 18 de Brumário (data que corresponde ao calendário estabelecido pela Revolução Francesa e equivale a 9 de novembro do calendário gregoriano) em 1799. Muitos historiadores alegam que Napoleão fez questão de evitar que camadas inferiores da população subissem ao poder.

Considerado herói por muitos e vilão por outros (crê-se que é o primeiro anti-cristo dos três previstos por Nostradamus[carece de fontes?]), Napoleão é certamente uma das mais importantes figuras históricas da humanidade, tendo mais de 600 mil livros escritos sobre ele ou que ao menos o citam de maneira relevante, sendo a segunda figura humana mais estudada, depois de Jesus.

Um dos mais famosos generais dos tempos contemporâneos e um extraordinário estadista nascido em Ajaccio, na Córsega, ilha do Mediterrâneo sob administração da França desde o ano do seu nascimento, que deixou marcas duradouras nas instituições da França e de grande parte da Europa ocidental. Filho de família pobre, mas dono de um título de nobreza da República de Gênova, estudou na academia militar de Brienne e na de Paris, saindo como oficial de artilharia (1785). Aderiu à Revolução Francesa (1789), uniu-se aos jacobinos, serviu como tenente da recém-criada guarda nacional e transformou-se num dos principais estrategistas do novo sistema de guerra de massa. Fez uma carreira meteórica e se destacou pela originalidade nas campanhas militares. Capitão de artilharia na retomada de Toulon aos ingleses e foi promovido general-de-brigada (1793), o mais jovem general do exército francês.

Após a queda de Robespierre, foi detido sob acusação de ser jacobino, mas depois foi encarregado de dirigir a repressão ao levante monarquista de Paris (1795). Casou-se com Josefina (1796), viúva do general guilhotinado (1794) Beauharnais, e tornou-se o comandante-em-chefe do Exército nas campanhas da Itália, contra os austríacos (1795-1797), e do Egito, contra os ingleses (1796-1799). Quando da ocupação do Egito (1798) a expedição científica que o acompanhou incluía o astrônomo Laplace, o químico Bertholet, o físico Monge e o arqueólogo Denon. Em pesquisas arqueológicas foi descoberta a pedra de Rosetta, fragmento de estela, espécie de monolito de basalto negro, que apresenta um decreto de Ptolomeu V, em caracteres hieroglíficos, demóticos e gregos (196 a. C.), que Champollion usaria para decifrar os hieróglifos egípcios (1822) e está exposta no British Museum, em Londres.

Liderou um golpe de Estado (1799), instalou o Consulado e fez-se eleger cônsul-geral, apoiado em um plebiscito popular. Promulgou uma constituição de aparência democrática. Organizou o governo, a administração, a polícia, a magistratura e as finanças. Tomou medidas despóticas e antiliberais, como o restabelecimento da escravidão nas colônias, e outras de grande importância econômica, como a criação do Banco da França (1800). Concluiu com o papa Pio VII a concordata (1801), que restabelecia a igreja na França, embora submetida ao Estado. Criou a Legião de Honra e o novo código civil, depois chamado Code Napoléon, elaborado por uma comissão de juristas com participação ativa do primeiro-cônsul. Essa medida de grande alcance tornou-se o maior feito jurídico dos tempos modernos, consubstanciou os princípios defendidos pela Revolução Francesa e influenciou profundamente a legislação de todos os países no século XIX.

O restabelecimento da ordem e da paz, bem como atentados frustrados de monarquistas, fizeram crescer a sua popularidade, que habilmente a utilizou para se fazer proclamar cônsul vitalício por plebiscito (1802). Coroou-se rei da Itália (1805), divorciou-se da imperatriz Josefina (1809) e casou-se com Maria Luísa, filha do imperador austríaco. Em guerra permanente contra as potências vizinhas, enfrentou a coalizão de todas as potências européias e foi derrotado em Leipzig (1813).

Depois de uma desastrada campanha na Rússia, foi derrotado pelos exércitos aliados adversários dos franceses e obrigado a abdicar (1814). Foi exilado na ilha de Elba, na costa oeste da Itália.

No ano seguinte, organizou um exército e tentou restaurar a monarquia, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, na Bélgica (1815). Esse período ficou conhecido como o Governo dos Cem Dias. Preso pelos ingleses, foi deportado para a ilha de Santa Helena, no meio do Oceano Atlântico, onde morreu em 5 de maio.

ConsuladoVer artigo principal: Consulado Francês
Instalou-se o governo do consulado de Napoleão após a queda do Diretório. O consulado possuía características republicanas, além de ser centralizado e dominado por militares. No poder Executivo, três pessoas eram responsáveis: os cônsules Roger Ducos, Emmanuel Sieyès e o próprio Napoleão. Apesar da presença de outros dois cônsules, quem mais tinha influência e poder no Executivo era Napoleão, que foi eleito primeiro-cônsul da República.

Criavam-se instituições novas, com cunho democrático, para disfarçar o seu centralismo no poder. As instituições criadas foram o senado, o tribunal, o corpo legislativo e o conselho de Estado. Mas o responsável pelo comando do exército, pela política externa, pela autoria das leis e quem nomeava os membros da administração era o primeiro-cônsul.

Quem estava no centro do poder na época do consulado era a burguesia (os industriais, os financistas, comerciantes), e consolidaram-se como o grupo dirigente na França. Abandonaram-se os ideais "liberdade, igualdade, fraternidade" da época da Revolução Francesa, e mediante forte censura à imprensa e ação violenta dos órgãos policiais, desmanchou-se a oposição ao governo.

Projeção da Figura NapoleônicaNapoleão Bonaparte teve sua figura projetada na história francesa, quando recebeu o poder através do Consulado, juntamente com três cônsules citados acima.

Reforma dos setores do governo francêsDurante o período do consulado, ocorreu uma recuperação econômica, jurídica e administrativa na França:

Economia - criou-se o Banco da França, em 1800, regulando-se a emissão de moedas, reduzindo-se a inflação. As tarifas impostas eram protecionistas (ou seja, com aumento de impostos para a importação de produtos estrangeiros); o resultado geral foi uma França com comércio e indústria fortalecidos, principalmente com os estímulos à produção e ao consumo interno.
Religião - com o objetivo de usar a religião como instrumento de poder político, Napoleão assinou um acordo, a Concordata de 1801, entre a Igreja Católica e o Estado. O acordo, sob aprovação do Papa Pio VII, dava direito ao governo francês de confiscar as propriedades da Igreja e, em troca, o governo teria de amparar o clero. Napoleão reconhecia o catolicismo como religião da maioria dos franceses, mas se arrogava o direito de escolher bispos, que mais tarde seriam aprovados pelo papa.
Direito - estabeleceu-se o Código Napoleônico, um Código Civil, em 1804, representando em grande parte os interesses dos burgueses, como casamento civil (separado do religioso), respeito à propriedade privada, direito à liberdade individual e igualdade de todos ante a lei. Está em vigor até hoje, embora com consideráveis alterações legislativas posteriores.
Napoleão também instituiu em 1809 um Código Penal, que vigorou até 1994, quando a Assembléia Nacional aprovou o novo Código.

Educação - reorganizou-se o ensino e a prioridade foi a formação do cidadão francês. Reconheceu-se a educação pública como meio importante de formação das pessoas, principalmente nos aspectos do comportamento moral, político e social.
Administração - Indicavam-se pessoas da confiança de Napoleão para cargos administrativos.
Após uma década de conflitos gerais no país, com a Revolução Francesa, as medidas aplicadas deram para o povo francês a esperança de uma estabilização do governo. Os resultados obtidos neste período do governo de Napoleão agradaram à classe dominante francesa. Com o apoio desta, elevou-se Napoleão ao nível de cônsul vitalício em 1802, podendo indicar seu sucessor. Esta realização implicou na instituição de um regime monárquico.

Venda do território da Louisiana para os Estados Unidos da AméricaVer artigo principal: Compra da Luisiana
Em 1803, durante o governo de Napoleão, a França vendeu seus territórios na América para os recém-nascidos Estados Unidos da América. Isso permitiu a expansão das fronteiras dos Estados Unidos para o oeste.

A maior parte do dinheiro obtido na venda foi direcionada ao fortalecimento do exército francês para sua expansão territorial no continente europeu.

Império
Jacques-Louis David: O Primeiro-Cônsul Napoleão cruzando dos Alpes no passo de Grand-Saint-Bernard, 1800.
François Gérard: Napoleão I em regalia, 1805.Ver artigo principal: Primeiro Império Francês
A opinião pública foi mobilizada pelos apoiadores de Napoleão, que levou à aprovação para a implantação definitiva do governo do Império. Em plebiscito realizado em 1804, aprovou-se a nova fase da era napoleônica com quase 60% dos votos, reinstituiu-se o regime monárquico na França e indicou-se Napoleão para ocupar o trono.

Realizou-se uma festa em 2 de Dezembro de 1804 para se formalizar a coroação do agora Napoleão I na catedral de Notre-Dame. Um dos momentos mais notórios da História ocorreu nesta noite, onde, com um ato surpreendente, Napoleão I retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que viajara especialmente para a cerimônia, e ele mesmo se coroou, numa postura para deixar claro que não toleraria autoridade alguma superior à dele. Logo após também coroou sua esposa, a imperatriz Josefina.

Concederam-se títulos nobiliárquicos aos familiares de Napoleão, por ele mesmo. Além disso, colocou-os em altos cargos públicos. Formou-se uma nova corte com membros da elite militar, da alta burguesia e da antiga nobreza. Para celebrar os triunfos de seu governo, Napoleão I construiu monumentos grandiosos, como o Arco do Triunfo que, como outras grandes obras da época, por sua grandiosidade e por criar empregos, melhorava a imagem de Napoleão ante o povo.

O Império Francês atingiu sua extensão máxima neste período, em torno de 1812, com quase toda a Europa Ocidental e grande parte da Oriental ocupadas, possuindo 150 departamentos, com 50 milhões de habitantes, quase um terço da população européia da época.

Expansão territorial militarNeste período, Napoleão realizou uma série de batalhas para a conquista de novos territórios para a França. O exército francês aumentou o número de armas e de combatentes, e tornou-se o mais poderoso de toda a Europa.

Pensando que a expansão e crescimento econômico-militar da França era uma ameaça à Inglaterra, os diplomatas ingleses formaram coligações internacionais para se opor ao novo governo francês e a seu expansionismo. Também acreditavam que o governo francês poderia influir em países que estavam sob doutrina absolutista e assim causar uma rebelião. A primeira coligação formada para deter os franceses era formada pela Inglaterra, Áustria, Rússia e Prússia.

Em outubro de 1805, os franceses usaram a marinha para atacar a Inglaterra, mas não obtiveram êxito, derrotados pela marinha inglesa, comandada pelo almirante Nelson, batalha que ficou conhecida como Batalha de Trafalgar, firmando-se o poderio naval britânico.

Ao contrário do malogro com os ingleses, os franceses venceram seus outros inimigos da coligação, como a Áustria, em 1805, na Batalha de Austerlitz, além da Prússia em 1806 e Rússia em 1807.

Bloqueio ContinentalVer artigo principal: Bloqueio Continental
Na busca de outras maneiras para derrotar ou debilitar os ingleses, o Império Francês decretou o Bloqueio Continental em 1806, em que Napoleão determinava que todos os países europeus deveriam fechar os portos para o comércio com a Inglaterra, debilitando as exportações do país e causando uma crise industrial.

Um problema que afetou muitos países participantes do bloqueio era que a Inglaterra, que já passara pela Revolução Industrial, estava com uma consolidada produção de produtos industriais, e muitos países europeus ainda não tinham produção industrial própria, e dependiam da Inglaterra para importar este tipo de produto, em troca de produtos agrícolas.

A França procurou beneficiar-se do bloqueio com o aumento da venda dos produtos produzidos pelos franceses, ampliando as exportações dentro da Europa e no mundo. A fraca quantidade de produtos manufaturados deixou alguns países sem recursos industriais.

O único obstáculo à concretização de seu império na Europa era a Inglaterra, que, favorecida por sua posição insular (isolada), por seu poder econômico e por sua superioridade naval, não conseguiria conquistar. Para tentar dominá-la, Napoleão usou a estratégia do Bloqueio Continental, ou seja, decretou o fechamento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês. Pretendia, dessa forma, enfraquecer a economia inglesa, que precisava de mercado consumidor para os seus produtos manufaturados e, assim, impor a superioridade francesa em toda a Europa. O decreto, datado de 21 de novembro de 1806, dependia, para sua real vigor, de que todos os países da Europa aderissem à idéia. O Acordo de Tilsit, firmado com o czar Alexandre I da Rússia, em julho de 1807, garantiu a Napoleão o fechamento do extremo leste da Europa.

O governo de Portugal relutava em concordar ao Bloqueio Continental devido à sua aliança com a Inglaterra, da qual era extremamente dependente. O príncipe D. João, que assumira a regência em 1792, devido ao enlouquecimento de sua mãe, a rainha D. Maria I, estava indeciso quanto à alternativa menos arriscada para a monarquia portuguesa.

Fuga da Família Real portuguesa para o BrasilVer artigo principal: Transferência da corte portuguesa para o Brasil, Guerra Peninsular
O governo português possuía relações privilegiadas com a Inglaterra, depois da assinatura do Tratado de Methuen, em 1703, e ainda graças à velha Aliança que vinha dos tempos da Dinastia de Avis.

Portugal tinha então a Inglaterra como principal parceira para seus negócios. Pressionados por Napoleão, os portugueses não tiveram escolha: como não podiam abdicar os negócios com a Inglaterra, não participaram do Bloqueio Continental.

Insatisfeito com a decisão portuguesa, o exército francês começou a dirigir-se a Portugal. Napoleão forçara uma Aliança, sob a forma do Tratado de Fontainebleau com a Casa Real Espanhola (onde veio a forçar a abdicação do trono de Carlos IV para o seu irmão, José Bonaparte) para a Invasão de Portugal, apesar de se saber que havia já planos anteriormente delineados para conquistar tanto Portugal, como Espanha. A ideia era a de dividir Portugal em três reinos distintos:

Lusitânia Setentrional, a ser governado pela filha de Carlos IV, Maria Luísa;
Algarves, a ser governado por Manuel de Godoy com o título de rei;
O resto do país, a ser administrado diretamente pela França Imperial até ao fim da Guerra.
Nesse sentido, realizaram-se três expedições militares a Portugal, conhecidas em Portugal pelo nome de Invasões Francesas.

Numa jogada de antecipação estratégica, pensada e planeada para evitar que a Família Real portuguesa fosse aprisionada e obrigada a abdicar, como virá a acontecer com Fernando VII e Carlos IV de Espanha, e sabendo-se que o Brasil era considerado, na época, a pérola da coroa portuguesa, toda a corte portuguesa, incluindo o príncipe-regente D. João VI, saiu para o Brasil, instalando o governo português no Rio de Janeiro em 1808, tornando-a capital do que vem a ser um sonhado Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1816-1826), que o rei acalentou e para o qual institui um nova bandeira com a esfera armilar.

A saída foi precipitada, com as tropas francesas já em solo português, mas conseguiu-se que cerca de 15 mil pessoas saíssem para o Brasil, transferindo praticamente todo o quadro do aparelho estatal. Além de pessoas do governo, saíram muitos nobres, comerciantes ricos, juízes de tribunais superiores, entre outros.

Os sectores afrancesados em Portugal chamaram a esta retirada estratégica "a fuga para o Brasil", frustrados pelas tropas de Napoleão não terem conseguido aprisionar e depôr a Família Real portuguesa. Com a Corte e a capital de Portugal no Brasil, passaram a considerar-se sem rei nem lei, pedindo de imediato ao General Junot que Napoleão lhes desse um novo rei e uma nova Constituição. Este episódio da saída da família real portuguesa para o Brasil, assim como a dificuldade encontrada por Napoleão em, por um lado, invadir Portugal e por outro, dominar Espanha, pode ser visto como uma das maiores falhas estratégicas de Napoleão que, aliás, referiu-se a ele, nas Memoires de Ste. Hélène como: c'est ça qui m'a perdu (tradução: foi isso que me fez perder).


As tropas de Napoleão retiram de Moscovo, pintado por Adolph Northern
Paul Delaroche: Napoleão abdicando em Fontainebleau, 1855 (obra póstuma)A saída da família real para o Brasil marcou também o início do processo de Independência do Brasil. Na sequência da Revolução de 1820 em Portugal, a Corte voltou a Portugal, restabelecendo-se em Lisboa a capital, voltando o Rio de Janeiro a ser de novo simbólica e praticamente uma cidade colonial.

Derrota francesa na RússiaEm 1812, a aliança franco-russa é quebrada pelo czar Alexandre, que rompe o bloqueio contra os ingleses. Napoleão empreende então a campanha contra a Rússia, à frente de mais de 580.000 soldados[41]oriundos dos mais diferentes recantos da Europa. Sem saída, a Rússia usa uma tática de guerra chamada Terra queimada, que consistia em destruir cidades inteiras para criar um campo de batalha favorável aos defensores. Aliada com o inverno rigoroso, a Rússia consegue vencer o Exército Napoleônico que sai com apenas 12.000 homens (Morreram 558.000 homens) . Enquanto isso, na França, o general Malet, apoiado por setores descontentes da burguesia e da antiga nobreza francesa, arma uma conspiração para dar um golpe de Estado contra o imperador. Napoleão retorna imediatamente a Paris e domina a situação invasão dos aliados e derrota de NapoleãoTem início então a luta da coligação européia contra a França na Batalha das Nações (Confederação do Reno)que acabou com a derrota de Napoleão. Com a capitulação de Paris, o imperador é obrigado a abdicar.

Governo dos Cem DiasO Tratado de Fontainebleau, de 1814, exila Napoleão na Ilha de Elba. Separado da esposa e do filho e sabendo de rumores de que ele iria ser banido para uma ilha remota no meio do Oceano Atlântico, Napoleão escapa de Elba em 26 de fevereiro de 1815. Ele aportou em Golfe-Juan, na França, dois dias depois. O 5º Regimento foi enviado para interceptá-lo. Napoleão encarou toda a tropa sozinho, desmontou de seu cavalo e, quando encontrou-se sob a linha de fogo, gritou, "Aqui estou eu! Matem seu imperador, se assim o quiserem!" Os soldados responderam com "Vive L'Empereur!" e marcharam com Napoleão até Paris, de onde Luís XVIII fugiu. Assim, Napoleão reconquista o poder.

Inicia-se então o Governo dos Cem Dias. A Europa coligada retoma sua luta contra o Exército francês. Napoleão entra na Bélgica em junho de 1815, mas é derrotado por uma coligação anglo-prussiana na Batalha de Waterloo e abdica pela segunda vez, pondo fim ao Império Napoleônico. Mas a expansão dos ideais iluministas continuou.

Exílio em Santa HelenaNapoleão foi preso e então exilado pelos britânicos na ilha de Santa Helena em 15 de outubro de 1815. Lá, com um pequeno legado de seguidores, contava suas memórias e criticava aqueles que o capturaram.

MorteVer artigo principal: Morte de Napoleão Bonaparte
Até hoje, não há certeza da causa da morte de Napoleão. Na década de 1960, pesquisadores investigaram sua casa na ilha de Santa Helena e encontraram restos de arsênio (veneno letal) em suas roupas, cabelo, nos móveis, pratos, talheres, etc. Então, concluiu-se que ele fora envenenado aos poucos, até sua morte.

Porém, hoje em dia, já se sabe que Napoleão tinha câncer no estômago e, provavelmente, foi tratado com um remédio da época que, possuía, em sua constituição, arsênio e solventes. Como tomou esse remédio por um período grande e constantemente, acredita-se que o arsênio acumulou-se em seu organismo. Ele está sepultado no Hôtel des Invalides em Paris.

Suspeitas depois da morte
Primeira mulher de Napoleão, Josefina de Beauharnais, pintada por François Gérard.Em 1955, surgiram documentos em que Napoleão era descrito meses antes de sua morte, pensando muitos que Napoleão fora morto por envenenamento com arsênio. O arsênio era usado antigamente como um veneno indetectável se aplicado a longo prazo.

Em 2001, um estudo de Pascal Kintz, do Instituto Forense de Estrasburgo, na França, adicionou crença a esta possibilidade com um estudo de um pedaço de cabelo preservado de Napoleão após sua morte: os níveis de arsênio encontrados em seu pedaço de cabelo eram de 7 a 38 vezes maiores do que o normal.

Cortar pedaços do cabelo em pequenos segmentos e analisar cada segmento oferece um histograma da concentração de arsênio no corpo. A análise do cabelo de Napoleão sugere que doses altas mas não-letais foram absorvidas em intervalos aleatórios. O arsênio enfraqueceu Napoleão e permaneceu em seu sistema. Lá, poderia ter reagido com mercúrio e outros elementos comuns em remédios da época, sendo a causa imediata de sua morte.

Outros estudos também revelaram altas quantidades de arsênio presentes em outras amostras de cabelo de Napoleão tiradas em 1805, 1814 e 1821. Ivan Ricordel (chefe de toxicologia da Polícia de Paris), declarou que se arsênio tivesse sido a causa da morte, ele teria morrido anos antes. Arsênio também era usado na época em papel de parede, como um pigmento verde, e até mesmo em alguns remédios, e os pesquisadores sugeriram que a fonte mais provável de todo este arsênio seja um tônico para cabelo. Antes da descoberta dos antibióticos, o arsênio fazia parte de um composto químico usado sem muito efeito no tratamento da sífilis, levando à especulação de que Napoleão poderia estar sofrendo de sífilis, uma doença venérea muito comum naquela época. A controvérsia continua.

Casamentos e descendênciaNapoleão casou-se duas vezes:

9 de Março de 1796 com Josefina de Beauharnais.
11 de Março de 1810 por procuração com Maria Luísa de Áustria e depois numa cerimónia em 1 de Abril. Tiveram um filho:
Napoleão II de França

sexta-feira, 22 de julho de 2011

CRUZEIRO REAL/REAL – 1994


Plano Real foi um programa brasileiro com o objetivo de estabilização econômica, iniciado oficialmente em 27 de fevereiro de 1994 com a publicação da Medida Provisória nº 434 no Diário Oficial da União. Tal Medida Provisória instituiu a Unidade Real de Valor (URV), estabeleceu regras de conversão e uso de valores monetários, iniciou a desindexação da economia, e determinou o lançamento de uma nova moeda, o Real.

O programa foi o mais amplo plano econômico já realizado no Brasil e tinha como objetivo principal o controle da hiperinflação que assolava o país. Utilizou-se de diversos instrumentos econômicos e políticos para a redução da inflação que chegou a 46,58% ao mês em junho de 1994, época do lançamento da nova moeda. A idealização do projeto, a elaboração das medidas do governo e a execução das reformas econômica e monetária contaram com a contribuição de vários economistas, reunidos pelo então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso.

O presidente Itamar Franco autorizou que os trabalhos se dessem de maneira irrestrita e na máxima extensão necessária para o êxito do plano, o que tornou o Ministro da Fazenda no homem mais forte e poderoso de seu governo, e no seu candidato natural à sua sucessão. Assim, Fernando Henrique Cardoso elegeu-se Presidente do Brasil em outubro do mesmo ano.

O Plano Real mostrou-se nos meses e anos seguintes o plano de estabilização econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação (objetivo principal), ampliando o poder de compra da população, e remodelando os setores econômicos nacionais.

Em 19 de maio de 1993 Fernando Henrique Cardoso foi nomeado para o cargo de Ministro da Fazenda pelo Presidente Itamar Franco, assumindo perante o país o compromisso de acabar com a inflação, ou pelo menos reduzí-la. Fernando Henrique ocupava até então o cargo de Ministro das Relações Exteriores. O novo ministro foi recebido com entusiasmo, pois refletia uma possibilidade real de solução dos problemas, principalmente devido à sua capacidade intelectual e conhecimento social em nível global. Reuniu um grupo de economistas para elaborar um plano de combate a inflação, como Persio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha, Clóvis Carvalho e Winston Fritsch.

Em 1º de agosto de 1993, o ministro promoveu a sétima mudança de moeda do Brasil, de Cruzeiro para Cruzeiro Real, para efeito de ajuste de valores. A intenção do governo era repetir mais uma vez a prática de "cortar três zeros", porém, no mesmo mês de lançamento do Cruzeiro Real a inflação foi de 33,53%, e em janeiro de 1994, de 42,19%.

A partir de 28 de fevereiro de 1994, como efeito da Medida Provisória nº 434, iniciou-se a publicação dos valores diários da Unidade Real de Valor (U.R.V.) pelo Banco Central. A URV serviria como moeda escritural[5] para todas as transações econômicas, com conversão obrigatória de valores, promovendo uma desindexação geral da economia. A MP nº 343 foi reeditada pelas MPs nº 482 e nº 457, e transformada posteriormente nas leis nº 8.880 e nº 9.069.

A partir de 1º de março de 1994, passou a vigorar a Emenda Constitucional nº 10, que criou o Fundo Social de Emergência (FSE) considerado essencial para o êxito do plano. A emenda produziu a desvinculação de verbas do orçamento da União, direcionando os recursos para o fundo, que daria ao governo margem para remanejar e/ou cortar gastos supérfluos. Os gastos do governo contribuíam grandemente para a hiperinflação, uma vez que a máquina do Estado brasileiro era grande, dispendiosa e ávida por mais recursos. Poucas horas antes, o Ministro FHC foi à televisão e, em pronunciamento oficial em rede nacional, deu um ultimato ao Congresso Nacional para que aprovasse a emenda à Constituição Federal.

Em 30 de março, Rubens Ricupero assumiu o Ministério da Fazenda para substituir Fernando Henrique, que deixou o governo para se candidatar a Presidência da República. Em 30 de junho de 1994, encaminhou ao presidente Itamar Franco a exposição de motivos para a implantação do Plano Real. Ricúpero caiu meses depois, em setembro, devido à repercussão na imprensa do que se chamou "Gafe da Parabólica", assumindo em seu lugar Ciro Gomes, na época membro do PSDB.

Em 1º de julho de 1994 houve a culminância do programa de estabilização, com o lançamento da nova moeda, o Real (R$). Toda a base monetária brasileira foi trocada de acordo com a paridade legalmente estabelecida: CR$2.750,00 para cada R$1,00.[9] A inflação acumulada até julho foi de 815,60%, e a primeira inflação registrada sob efeito da nova moeda foi de 6,08%, mínima recorde em muitos anos.

O Real foi a moeda nacional até 1942 quando foi substituído pelo Cruzeiro (moeda). Desde então, foram feitas muitas reformas das quais nasceram seis novas moedas, a saber: Cruzeiro Novo (1967), Cruzeiro (moeda) (1970), Cruzado (BRC) (1986), Cruzado Novo (1989), Cruzeiro (moeda) (1990) e Cruzeiro Real (1993). A inflação acumulada de 1967 até 1994 foi de aproximadamente 1.142.332.741.811.850% (IGP-DI).

O Plano Real foi um programa definitivo de combate a hiperinflação implantado em 3 etapas,a saber:

1.Período de equilíbrio das contas públicas, com redução de despesas e aumento de receitas, e isto teria ocorrido nos anos de 1993 e 1994;
2.Criação da URV para preservar o poder de compra da massa salarial, evitando medidas de choque como confisco de poupança e quebra de contratos;
3.Lançamento do padrão monetário de nome Real, utilizado até os dias atuais.
Após a implantação do plano, durante mais de seis anos, uma grande sequência de reformas estruturais e de gestão pública foram implantandas para dar sustentação a estabilidade econômica, entre elas destacam-se: Privatização de vários setores estatais, o Proer, a criação de agências reguladoras, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a liquidação ou venda da maioria dos bancos pertencentes aos governos dos estados, a total renegociação das dívidas de estados e municípios com critérios rigorosos (dívida pública), maior abertura comercial com o exterior, entre outras.

Um funcionário da Casa da Moeda, responsável pelo projeto artístico da empresa, relatou a uma revista que o primeiro comunicado sobre uma outra nova moeda foi feito em novembro de 1993, e a sua produção se iniciou em janeiro de 1994, estabelecendo um recorde. O Plano Real teria sido idealizado entre setembro de 1993 (época do lançamento do Cruzeiro Real) e julho de 1994 (lançamento do Real).

O programa brasileiro de estabilização econômica seguiu as seguintes linhas mestras (com efeito sinérgico):

Desindexação da economia
Medida Adotada: O ajuste e reajuste de preços e valores passaram a ser anualizados e obedeceriam as planilhas de custo de produção.
Justificativa: Era necessário interromper o círculo vicioso de corrigir valores futuros pela inflação passada, em curtos períodos de tempo. Essa atitude agravava a inflação, tornando-a cada vez maior. Era comum acontecer remarcação de preços várias vezes num mesmo dia.
Privatizações
Medida Adotada: A troca na propriedade de grandes empresas brasileiras eliminou a obrigação pública de financiar investimentos (que causam inflação se for feito pelo governo através da emissão de moeda sem lastro) e possibilitou a modernização de tais empresas (sob controle estatal havia barreiras impeditivas para tal progresso, como burocracia e falta de recursos).
Justificativa: A iniciativa privada tem meios próprios de financiar os investimentos das empresas, e isto não produz inflação, e sim, desenvolvimento, porque não envolve o orçamento do governo. Este deve alocar recursos para outras áreas importantes. E ainda, na iniciativa privada não há as regras administrativas orçamentárias e licitatórias, que prejudicam a produção das empresas e a concorrência perante o mercado.
Equilíbrio fiscal
Medida Adotada: Corte de despesas e aumento de cinco pontos percentuais em todos os impostos federais.
Justificativa: A máquina administrativa brasileira era muito grande e consumia muito dinheiro para funcionar. Havia somente no âmbito federal 100 autarquias, 40 fundações, 20 empresas públicas (sem contar as empresas estatais), além de 2 mil cargos públicos com denominações imprecisas, atribuições mal definidas e remunerações díspares. Como o país não produzia o suficiente, decidiu-se pelo ajuste fiscal, o que incluiu cortes em investimentos, gastos públicos e demissões. Durante o governo FHC, aproximadamente 20 mil funcionários foram demitidos do governo federal.
Abertura econômica
Medida Adotada: Redução gradual de tarifas de importação e facilitação da prestação de serviços internacionais.
Justificativa: Havia temor de que o excesso de demanda por produtos e serviços causasse o desabastecimento e a remarcação de preços, pressionando a inflação (fato ocorrido durante o Plano Cruzado em 1986). Existia também a necessidade de forçar o aperfeiçoamento da indústria nacional, expondo-a a concorrência, o que permitiria o aumento da produção no longo prazo, e essa oferta maior de produtos tenderia a acarretar uma baixa nos preços.
Contingenciamento
Medida Adotada: Manutenção do câmbio artificialmente valorizado.
Justificativa: Com efeito da valorização do Real, esperava-se um aumento das importações, com aumento da oferta de produtos e aperfeiçoamento da indústria nacional via concorrêcia com produtos estrangeiros.
Políticas monetárias restritivas
Medida Adotada: Aumento da taxa básica de juros e da taxa de depósito compulsório dos bancos.
Justificativa: A taxa de juros teve inicialmente dois propósitos: financiar os gastos públicos excedentes até que se atingisse o equilíbrio fiscal, e reduzir a pressão por financiamentos, considerados agentes inflacionários (esfriamento da economia). Os financiamentos chegaram ter o prazo de quitação regulado pelo governo.
O compulsório dos bancos teve o propósito de reduzir a quantidade de dinheiro disponível para empréstimos e financiamentos dos bancos, uma vez que são obrigados a recolher compulsoriamente uma parte dos valores ao Banco Central.

O efeito regulador do Plano Real foi imediato e muito positivo em seu propósito. A inflação calculada sobre a URV nos meses de sua vigência (abril a junho) ficou em torno de 3%, enquanto que a inflação em Cruzeiros Reais (CR$) foi de cerca de 190%. Até o início da circulação do Real (R$), em 1º de julho de 1994, a inflação acumulada foi de 763,12% (no ano) e 5.153,50% (nos últimos 12 meses).

A inflação que antes consumia o poder aquisitivo da população brasileira, impedindo que as pessoas permanecessem com o dinheiro por muito tempo, principalmente entre o banco e o supermercado, estava agora controlada. O efeito imediato, e mais notável do Plano Real, foi a aposentadoria da máquina-símbolo da inflação, a "remarcadora de preços do supermercado" presente no comércio. O consumidor de baixa renda foi o principal beneficiário.

Durante muitos anos a correção monetária foi uma salvaguarda que permitia aos brasileiros que tinham maior poder aquisitivo defender-se parcialmente da corrosão do valor real da moeda, com aplicações bancárias de rendimento diário. A grande maioria da população, entretanto, não tinha acesso a esses mecanismos e sofria com a desvalorização diária dos recursos recebidos como salário, aposentadoria ou pensão, sendo os maiores prejudicados com a alta inflação.

Não por acaso, após a implantação do Plano Real a taxa de consumo de itens antes "elitizados" como o iogurte explodiu nas classes C e D da população.

Segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas - (FGV), houve entre 1993 e 1995 uma redução de 18,47% da população miserável do país fruto do sucesso do plano. Um dos melhores índices da história.

Também se considera como efeito direto do plano a vitória do candidato do governo, Fernando Henrique (PSDB-SP), nas eleições presidenciais de 1994.

O Plano Real enfrentou três grandes crises mundiais: a Crise do México (1995), a Crise Asiática (1997-1998) e a Crise da Rússia (1998). Em todas essas ocasiões o Brasil foi afetado diretamente, pois estava em reformas e necessitava de recursos, investimentos e financiamentos estrangeiros. Grandes somas de dinheiro deixaram o Brasil em cada um desses momentos devido ao medo que os grandes investidores tinham com os mercados emergentes. Ao menor indício de crise em qualquer um desses países, uma massa de investidores corria para buscar refúgio em moedas fortes, como o Dólar americano, a Libra esterlina ou ainda o Euro. Outros aproveitavam esses movimentos para especular fortemente contra as moedas dos emergentes, na intenção de obter grandes lucros em curto espaço de tempo, esvaziando as reservas em moeda estrangeira dessas nações. Isso contaminava negativamente as contas de diversos países, causando um efeito cascata globalizado.

Como essas crises deixavam o Brasil sem meios de financiar seu plano de estabilização, o governo, fragilizado, via-se obrigado a aumentar a taxa básica de juros para remunerar melhor esses capitais, numa tentativa de impedí-los de abandonar o país. O objetivo era evitar um "defaut", ou seja, uma quebra generalizada que empurrasse o país a uma moratória externa. A taxa de juros do Brasil chegou a 45% ao ano em março de 1999. Como conseqüência, houve maior endividamento público, mais cortes de gastos públicos, retração de alguns setores da economia e desemprego.

Outras crises menores, apesar de não prejudicarem tanto o processo de controle da inflação do Brasil, que já estava consolidado, trouxeram efeitos negativos na taxa de crescimento econômico. A Crise da Argentina (2001), a Crise de 11 de setembro (2001), a Crise Eleitoral (2002) e a Crise do Apagão (2001) ajudaram a derrubar a taxa anualizada de crescimento do PIB pois também forçaram o aumento da taxa de juros interna. A crise do Apagão teve a causa ligada diretamente ao Plano Real, uma vez que o plano trouxe a ampliação do poder de compra da população, aumento do consumo, aumento da produção (que geram maior consumo de energia elétrica), somados ao recuo dos investimentos públicos nos setores estatais de energia (como parte do programa de estabilização econômica).

CRUZEIRO/CRUZEIRO REAL – 1993


O cruzeiro real (CR$) foi o padrão monetário no Brasil entre 1 de agosto de 1993 a 30 de junho de 1994.

As altas taxas de inflação que marcaram o ano de 1993 levaram o governo Itamar Franco a editar a medida provisória que criou o cruzeiro real, equivalente a mil cruzeiros.

Não foram emitidas moedas com valores em centavos nesta moeda, sendo que se consideravam como centavos as cédulas e moedas do padrão anterior na razão de 10 "cruzeiros" por centavo.

As primeiras cédulas deste padrão foram cédulas de 50.000, 100.000 e 500.000 cruzeiros nas quais foi aposto um carimbo com o novo padrão.

Depois disso, foram lançadas em circulação entre 1993 e 1994 as seguintes cédulas, já com o nome do novo padrão.

A cédula de 10.000 cruzeiros reais chegou a ter seu desenho aprovado mas não chegou a entrar em circulação, frente à iminente implantação do Plano Real

Em substituição as cédulas mais antigas do padrão anterior, foram lançadas inicialmente as moedas de 5 e 10 cruzeiros reais, sendo que mais adiante foram lançadas também as moedas de 50 e 100 cruzeiros reais.

Uma curiosidade destas moedas é que a expressão "cruzeiros reais" não aparece na moeda, sendo que ela foi substituída pelo símbolo CR$ e nas quais aparecem no reverso animais ameaçados de extinção.

Em 1994, todo o numerário das cédulas e moedas desse padrão, bem como as cédulas remanescentes dos padrões anteriores foram recolhidas na troca pelas novas cédulas do padrão Real, perdendo o seu valor a partir de agosto deste mesmo ano.

CRUZADO NOVO/CRUZEIRO – 1990


O cruzado novo (NCz$) foi a moeda brasileira de 16 de janeiro de 1989 a 15 de março de 1990. Foi consequência da reforma monetária promovida pelo Plano Verão, instituído pelo ministro Maílson da Nóbrega, em 1989. O cruzado novo correspondia a mil cruzados, ou seja houve um corte de três zeros na data de 16 de janeiro de 1989.

O código ISO 4217 desta moeda era BRN.

Inicialmente foram reaproveitadas as três últimas cédulas do padrão Cruzado, nas quais foi aposto um carimbo com os valores respectivos de 1, 5 e 10 cruzados novos respectivamente.

Depois disso, foram emitidas cédulas próprias do padrão, com o tamanho de 140 x 65 mm, que a partir de então viria a ser o tamanho padrão das cédulas brasileiras, se seguindo até a emissão das cédulas do padrão Real.

As cédulas deste padrão foram reaproveitadas no padrão seguinte, emitido a partir do Plano Collor e no qual se retomava a nomenclatura Cruzeiro para a moeda em circulação no Brasil.

CRUZADO/CRUZADO NOVO – 1989


Legislação: Medida Provisória 32, de 15 de janeiro de 1989

Instituiu-se o CRUZADO NOVO, equivalente a MIL CRUZADOS, mantendo-se os CENTAVOS

Exemplo:
Cz$ 4.500.000,00 (quatro milhões e quinhentos mil cruzados) passam a ser expressados como NCz$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos cruzados novos)

CRUZEIRO/CRUZADO – 1986


Legislação: Lei 2.283, de 27 de fevereiro de 1986 e Resolução 1.100, do Conselho Monetário Nacional, de 28 de fevereiro de 1986

A moeda nacional passa a denominar-se CRUZADO, correspondendo seu valor a UM MIL CRUZEIROS

Exemplo:
Cr$ 4.000,00 (quatro mil cruzeiros) passam a ser expressados: Cz$ 4,00 (quatro cruzados)

CRUZEIRO NOVO/CRUZEIRO – 1970


Legislação: Resolução 144, de 31 de março de 1970, do Conselho Monetário Nacional

Restabeleceu-se a denominação CRUZEIRO em substituição ao Cruzeiro Novo

Exemplo:
NCr$ 4,75 (quatro cruzeiros novos e setenta e cinco centavos) passou a expressar-se como Cr$ 4,75 (quatro cruzeiros e setenta e cinco centavos)

Lei 7.214, de 15 de agosto de 1984

Extinguiu a fração do Cruzeiro (CENTAVO), ficando o exemplo de Cr$ 4,75 (quatro cruzeiros e setenta e cinco centavos) sem a vírgula e algarismos que compunham os centavos: Cr$ 4 (quatro cruzeiros)

CRUZEIRO/CRUZEIRO NOVO – 1967


O cruzeiro novo (NCr$) foi uma moeda do Brasil que circulou transitoriamente no Brasil no período entre 13 de fevereiro de 1967 e 14 de maio de 1970.

Se trata de um padrão que foi criado em virtude da perda de valor do Cruzeiro, moeda que estava em vigor desde 1942 e que sofreu enorme depreciação por conta do aumento da inflação ocorrido por conta da instabilidade política e das contas públicas em descontrole.

Em virtude disso, foi preparada uma reforma monetária, na qual a nova moeda recebeu o nome de Cruzeiro Novo, para se evitar que houvesse confusão de valores entre as cédulas que seriam preparadas para o novo padrão com as do padrão então existente.

Um Cruzeiro novo era o equivalente a mil cruzeiros do padrão então circulante, sendo que as cédulas remanescentes do padrão antigo foram carimbadas com valores entre 1 centavo e 10 Cruzeiros novos.

Estas cédulas foram sendo gradualmente substituídas pelas novas cédulas que foram colocadas em circulação em 1970, com a retomada da denominação Cruzeiro e foram retiradas de circulação entre 1972 e 1975, quando apenas as cédulas do novo padrão passaram a ter valor legal.

Além disso, foram emitidas moedas de aço inoxidável com os valores de 1, 2 e 5 centavos, bem como moedas de cuproníquel nos valores de 10 e 20 centavos e de níquel no valor de 50 centavos, sendo que essas moedas continuaram em circulação depois que o novo padrão entrou em vigor.

Este novo padrão monetário foi estabelecido pelo Decreto-lei nº 1, de 13 de novembro de 1965 (D.O.U. de 17 de novembro de 1965), e regulamentado pelo Decreto nº 60.190, de 8 de fevereiro de 1967 (D.O.U. de 9 de fevereiro de 1967), equivalente a mil cruzeiros "antigos" e restabelecendo o centavo.

O Conselho Monetário Nacional, pela Resolução nº 47, de 8 de fevereiro de 1967, estabeleceu a data de 13 de fevereiro de 1967 para início de vigência do novo padrão.

No entanto, na mesma resolução, já estava prevista a renomeação da moeda para Cruzeiro e a adoção do simbolo Cr$ para a mesma, coisa que só foi ocorrer de fato em 1970.

Exemplo: Cr$ 4.750 (quatro mil, setecentos e cinqüenta cruzeiros) passou a expressar-se NCr$ 4,75 (quatro cruzeiros novos e setenta e cinco centavos).

RÉIS/CRUZEIROS – 1942


Réis é o plural do nome das unidades monetárias de Portugal, do Brasil e de outros países lusófonos durante certos períodos da história (singular: real).

Conto de réis é uma expressão adotada no Brasil e em Portugal para indicar um milhão de réis. Sendo um conto de réis correspondia a mil vezes a importância de um mil-réis que era a divisionária, grafando-se o conto por Rs. 1:000$000 ou R$ 1,000000 (sendo o real 1/1.000.000 de um conto-de-réis em representação matemática decimal atual), pois o réis tinha sua representação real-imperial em "milésimos-de-mil" contos-de-réis), sendo uma moeda de grande-valor intrínseco e imperial, com representatividade em aproximadamente oito gramas de ouro, como também assim o era a representação da libra esterlina também imperial, de então, tanto no Brasil como em Portugal e Algarves.

Em Portugal, por ocasião da proclamação da República, esta moeda foi substituída pelo escudo na razão de 1 escudo por mil-réis. Mesmo após a substituição do real pelo escudo, continuou a utilizar-se a expressão conto, agora para indicar mil escudos.

No Brasil, esta moeda foi substituída da mesma forma, pelo cruzeiro em 1942, na razão de 1 cruzeiro por mil-réis então circulantes.

No livro 1808 o autor faz uma conversão de réis em Real, baseando-se em outros autores que se empenharam para torná-la o mais próxima do valor atual, levando em consideração os valores da inflação. Cabe lembrar que a conversão, mesmo próxima, não é exata. O valor aproximado é o seguinte:

1 Real - R$ 0,056
1 Conto de Réis - R$ 56.000
900 Contos de Réis - R$ 50.000.000

200 réis (1889 e 1900)
Família de moedas em cupro-níquel composta por moedas de 100 e 200 réis com desenho aproveitado das moedas do final do II Reinado. O anverso passou a ter a legenda "15 de Novembro de 1889" - data da Proclamação da República e o reverso teve o Brasão Imperial trocado pelas Armas Nacionais da República do Brasil.

400 réis (1901)
Moeda de maior valor da série batida em cuproníquel em 1901, encomendada à firma Basse & Selve, da Alemanha, que contratou serviços de diferentes Casas da Moeda estrangeiras. Foi cunhado um total de 161.250.000 peças, a maior produção de moedas do mundo, na época (única moeda brasileira em que a data está em algarismo romano - MCMI). A série é composta de moedas de 100, 200 e 400 Réis, com a figura da Abundância no anverso e efígie Representando a República no Reverso.

40 e 20 réis (até 1912)
A cunhagem das moedas de bronze, iniciada no final do Império, recomeçou no período republicano. As peças inovavam com a apresentação de legendas e temas diferentes, de acordo com o valor. Deixaram de ser cunhadas em 1912. A moeda de 20 Réis trazia o lema "Vintém Poupado , Vintém Ganho". A moeda de 40 Réis tem como lema "A Economia Faz a Prosperidade".

Prata da República
Assim como as moedas de ouro, as de prata começaram a cair em desuso no meio circulante no período republicano, uma vez que o valor de face era depreciado pela inflação. A república abandonou as moedas de ouro em 1921 (moedas de 20$000 Réis). Já as moedas de prata continuaram em circulação até o fim do padrão Mil-Réis (em 1942), sendo a última emissão em 1936, em uma moeda de 5$000 Réis homenageando Santos Dumont. No entanto o teor de prata era cada vez menor em sua composição (variando entre 50% e 60% de acordo com a moeda). É curioso observar que as moedas de prata de 1906 traziam marcado seu peso em apenas uma das faces

30.000 réis
O Governo Provisório republicano também permitiu que alguns bancos emitissem cédulas. Este período ficou conhecido como período da "Pluraridade Bancária". As emissões multiplicaram-se desordenadamente, gerando inflação, o que resultou no retorno à idéia de um único emissor que, de 1892 a 1896, foi o Banco da República do Brasil

Tesouro Nacional, Caixa de Conversão, Caixa de Estabilização e Banco do Brasil
Após a crise causada pela "Pluraridade Bancária", as emissões foram centralizadas no Tesouro Nacional. Como o Mil-Réis já estava bastande desgastado pela inflação, surgiu a ideia de se adotar uma moeda lastreada no Ouro, que se chamaria Cruzeiro. Para preparar o país para esta mudança foram emitidas cédulas de Mil-Reis em nome da "Caixa de Conversão" e em nome da "Caixa de Estabilização".

O projeto do Cruzeiro-Ouro foi abandonado e as Cédulas da Caixa de Conversão e Estabilização foram incorporadas as demais cédulas do Tesouro Nacional. Também houve uma tentativa, na década de 1920, de se padronizar as cédulas em emissões assinadas pelo Banco do Brasil.


Moedas
Vintém- 20 réis
Tostão - 80 réis - período Colonial e Imperial
Tostão - 100 réis - Moeda em cuproníquel emitida entre 1917 a 1932
Pataca - 320 réis
Cruzado - 400 / 480 réis
Patacão - 960 réis
Dobra - 12.800 réis (12$800)
Dobrão - 20.000 réis (20$000)

Cédulas
-500 reis - 1ª estampa (1874), 4ª estampa (1901)
-1.000 réis - 1ª estampa (1835), 13ª estampa (1923)
-2.000 réis - 1ª estampa (1835), 15ª estampa (1923)
-5.000 reis - 1ª estampa (1835), 19ª estampa (1925)
-10.000 reis - 1ª estampa (1835), 17ª estampa (1925)
-20.000 reis - 1ª estampa (1835), 16ª estampa (1931)
-50.000 reis - 1ª estampa (1835), 17ª estampa (1936)
-100.000 reis - 1ª estampa (1835), 17ª estampa (1936)
-200.000 reis - 1ª estampa (1835), 17ª estampa (1936)
-500.000 reis - 1ª estampa (1836), 15ª estampa (1931)
-Um Conto de réis - 1.000.000 réis (1:000$000)unica estampa (1921)

Cruzeiro (moeda)



O Cruzeiro (₢$) foi a moeda do Brasil de 1942 a 1967, de 1970 a 1986 e de 1990 a 1993. Sua adoção se deu pela primeira vez em 1942, durante o Estado Novo, na primeira mudança de padrão monetário no país, com o propósito de uniformizar o dinheiro em circulação. Um cruzeiro equivalia a mil réis. O Cruzeiro passou por uma reforma monetária no governo Castelo Branco, sendo temporariamente substituído pelo Cruzeiro Novo. A moeda voltou a ser substituída pela equipe do presidente José Sarney, com o Plano Cruzado; o Cruzeiro voltou a vigorar no governo Collor e foi definitivamente substituído pelo Cruzeiro Real em 1993.

A primeira sugestão de "cruzeiro" para nome de moeda no Brasil foi feita pelo economista Carlos Inglês de Sousa em novembro de 1926 no seu livro Restauração da Moeda no Brasil, onde retomava sua preconização para a melhoração da moeda (já exposta em 1924 no seu outro livro A Anarquia Monetária e suas Conseqüências[1]) e onde propunha se substituir a unidade mil-réis pela de Cruzeiro, se este for o nome escolhido (…)[2] Esta é a primeira referência direta e documentada ao nome cruzeiro como nome de moeda de substituição ao mil-réis então em circulação.

Vigente de 1 de novembro de 1942 a 12 de fevereiro de 1967.

Em 1 de novembro de 1942, foi introduzido pela primeira vez, cuja denominação se baseava na constelação do Cruzeiro do Sul, escolhido como símbolo da pátria, sendo que esta antiga moeda tinha o código ISO 4217 BRZ.

Em 13 de fevereiro de 1967, o Cruzeiro foi substituído pelo padrão transitório Cruzeiro Novo (NCr$) por conta do aumento da inflação.

O Cruzeiro Novo equivalia a mil Cruzeiros "antigos", como ficou denominada esta moeda.

Vigente de 15 de maio de 1970 a 27 de fevereiro de 1986.

Em conclusão a reforma monetária iniciada em 1967, com a criação do padrão transitório Cruzeiro Novo, a partir do dia 15 de maio de 1970, foram colocadas novas cédulas em circulação.

A partir daí, houve a supressão da palavra "novo" e do N constante no símbolo da moeda então circulante, que voltou a se denominar apenas "Cruzeiro".

Esta moeda veio a circular até a criação do Cruzado (Cz$) em 28 de fevereiro de 1986.

O código ISO 4217 desta moeda era BRB.

Vigente de 16 de março de 1990 a 31 de julho de 1993.

De 16 de março de 1990 a 31 de julho de 1993, durante o governo de Fernando Collor, o cruzeiro volta como unidade monetária nacional, mantendo, contudo, a equivalência com o padrão anterior - cruzado novo, quando, após um período de transição com o cruzeiro real, foi adotado o padrão em uso até hoje: o real (R$).

O código ISO 4217 desta moeda era BRE.

Chapada Diamantina



A Chapada Diamantina é uma região de serras, situada no centro do Estado brasileiro da Bahia, onde nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio de Contas. Essas correntes de águas brotam nos cumes e deslizam pelo relevo em belos regatos, despencam em borbulhantes cachoeiras e formam transparentes piscinas naturais. O parque nacional é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A vegetação é exuberante, composta de espécies da caatinga semi-árida e da flora serrana, com destaque para as bromélias, orquídeas e sempre-vivas.

Alguns atrativos naturais causam espanto e êxtase, como a Cachoeira da Fumaça e seus 380 metros de queda livre ou o deslumbrante Poço Encantado. Mas são tantas as atrações que se pode optar entre visitar grutas, tomar banho de cachoeira, fazer trekking em antigas trilhas de garimpeiros, montar a cavalo ou praticar esportes e aventuras. A Chapada abriga, em seus vales e cumes, comunidades esotéricas e alternativas como no Vale do Capão. Os dois pontos mais altos da Bahia estão na Chapada: o Pico do Barbado com 2.033 metros (o mais alto do nordeste) e o Pico das Almas com 1 958 metros.

Caminhar respirando o ar puro e admirando a paisagem é a principal opção dos turistas de todas as partes que visitam a Chapada. Os lugares verdejantes guardam sempre uma surpresa com águas cristalinas ou areias coloridas, belos morros, flores e hortaliças que encantam pela beleza e viço. Em Igatu, a curiosidade se aguça em meio às ruínas da cidade fantasma, construída com pedras que formam as paredes de pequenas grutas.

As rochas da Chapada Diamantina fazem parte da unidade geológica conhecida como Supergrupo Espinhaço, que tomou este nome por ocorrer na serra do Espinhaço, no estado de Minas Gerais. Apresenta-se em geral como um altiplano extenso, com altitude média entre 800 e 1.200m acima do nível do mar. As serras que compõem a Chapada Diamantina abrangem uma área aproximada de 38.000 km² e são as divisoras de águas entre a bacia do rio São Francisco (rios S. Onofre, Paramirim) e os rios que deságuam diretamente no oceano Atlântico, como os rios de Contas e Paraguaçu. Nesta cadeia de serras são encontrados os picos mais altos da Bahia, sendo o pico do Barbado com 2.033m, o ponto culminante de todo o nordeste.

A Chapada Diamantina nem sempre foi uma imponente cadeia de serras. Há cerca de um bilhão e setecentos milhões de anos, iniciou-se a formação da bacia sedimentar do Espinhaço, a partir de uma série de extensas depressões que foram preenchidas com materiais expelidos de vulcões, areias sopradas pelo vento e cascalhos caídos de suas bordas. Sobre essas depressões depositaram-se sedimentos em uma região em forma de bacia, sob a influencia de rios, ventos e mares. Posteriormente, aconteceu um fenômeno chamado soerguimento, que elevou as camadas de sedimentos acima do nível do mar, pressionada pela força epirogenética, tendo aos pouco um sofrível erguimento ao longo de milhões de anos. As inúmeras camadas de arenitos, conglomerados, e calcários, hoje expostas na Chapada Diamantina, representam os depósitos sedimentares primitivos; a paisagem atual é o produto das atividades daqueles agentes ao longo do tempo geológico. Nas ruas e calçadas das cidades da Chapada, lajes de superfícies onduladas revelam a ação dos ventos e das águas que passavam sobre areais antigos.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

São Bento


São Bento de Núrsia, nascido Benedetto da Norcia (Nórcia, c. 480 — monastério de Montecassino, c. 547) foi um monge italiano, fundador da Ordem dos Beneditinos, até hoje uma das maiores ordens monásticas do mundo. Foi o criador também da "Regra de São Bento", um dos mais importantes e utilizados regulamentos de vida monástica existentes e inspiração de muitas outras comunidades religiosas. Foi designado santo padroeiro da Europa e um grande intercessor pelo Papa Paulo VI em 1964, sendo venerado não apenas por católicos, como também por ortodoxos. Foi o fundador da Abadia do Monte Cassino, na Itália (destruída durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente restaurada). É comemorado a 11 de Julho.

A fonte de todos os acontecimentos da vida de São Bento são os Diálogos de São Gregório Magno, que se baseou em fatos narrados por monges que conheceram pessoalmente São Bento.

Segundo São Gregório, São Bento foi filho de um nobre romano, tendo realizado os primeiros estudos na região de Núrsia (próximo à cidade italiana de Spoleto). Mais tarde, foi enviado a Roma para estudar retórica e filosofia, mas, tendo se decepcionado com a decadência moral da cidade, abandona logo a capital e se retira para Enfide (atual Affile). Ajudado por um abade da região chamado Romano, instalou-se em uma gruta de difícil acesso, a fim de viver como eremita. Depois de três anos nesse lugar, dedicando-se à oração e ao sacrifício, foi descoberto por alguns pastores, que divulgaram a fama de santidade.

A partir de então, foi visitado constantemente por pessoas que buscavam conselhos e direção espiritual. É então eleito abade de um mosteiro em Vicovaro, no norte da Itália. Por causa do regime de vida exigente, os monges tentaram envenená-lo, mas, no momento em que dava a bênção sobre o alimento,saiu da taça que continha o vinho envenenado uma serpente e o cálice se fez em pedaços. Com isso, São Bento resolve deixar a comunidade. Volta à caverna onde, recebendo grande quantidade de discípulos, funda diversos mosteiros. Em 529, por causa da inveja de um sacerdote da região, tem de se mudar para Monte Cassino, onde funda o mosteiro que viria a ser o fundamento da expansão da Ordem Beneditina. Em 540 escreve a Regula Monasteriorum (Regra dos Mosteiros). Morre em 547.

As representações de São Bento geralmente mostram, junto com o santo, o livro da Regra, um cálice quebrado e um corvo com um pão na boca, em memória ao pão envenenado que recebeu de um sacerdote invejoso. São Gregório conta que, por sua ordem, o corvo levou o pão até onde ninguém o encontrasse.

As relíquias de São Bento estão conservadas na cripta da Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire (Fleury), próximo a Orleáns e Germigny-des-Prés, no centro da França.

De acordo com a tradição, São Bento de Núrsia foi santificado por ter vencido duas ciladas armadas pelo Diabo, nas quais lhe é oferecido um cálice de vinho envenenado e um pedaço de pão, também envenenado.

Além disso, em inúmeras vezes fora tentado efetivamente pelo Inimigo, além de ser ofendido e insultado de tal maneira que os irmãos de hábito que estavam ao seu redor podiam escutar as ofensas que ele recebia.

O Santo Varão, como também é chamado, vencia o Tentador utilizando-se do sinal da cruz e da oração contida na Cruz Medalha que fora esculpida nas paredes de um mosteiro.

A Regula Monasteriorum, que conta com 73 capítulos e um prólogo, foi retomada por Bento de Aniane no século IX, antes das invasões normandas; ele a estudou e codificou, dando origem a sua expansão por toda Europa carolíngia, ainda que tenha sido adaptada diversas vezes, conforme diversos costumes. Posteriormente, através da Ordem de Cluny e da centralização de todos os mosteiros que utilizavam a Regra, ela foi adquirindo grande importância na vida religiosa européia durante a Idade Média. No século XI surgiu a reforma de Cister, que buscava recuperar um regime beneditino mais de acordo com a regra primitiva. Outras reformas (como a camaldulense, a olivetana ou a silvestriana), buscaram também dar ênfase a diferentes aspectos da Regra de São Bento.

Apesar dos diferentes momentos históricos, nos quais a disciplina, as perseguições ou as agitações políticas causaram uma certa decadência da prática da Regra de São Bento, e mesmo da população monástica, os mosteiros beneditinos conseguiram manter, durante todos os tempos, um grande número de religiosos e religiosas. Atualmente, perto de 700 mosteiros masculinos e 900 mosteiros e casas religiosas femininas, espalhados pelos cinco continentes, seguem a Regra de São Bento. Inclusive algumas comunidades de confissões Luterana e Anglicana.

Diz-se que a Cruz-Medalha de São Bento foi descoberta por ocasião da condenação de algumas bruxas, que afirmaram não conseguir praticar qualquer tipo de feitiçaria ou encanto contra os moradores do mosteiro local. Intrigados com o fato, foram averiguar o que existia no mosteiro. Ao entrarem em uma das dependências, observaram entalhadas na coluna as imagens contidas nas Medalhas utilizadas ainda hoje.

Observa-se ainda, que ao contrário da crendice popular, na frente da medalha não está a Cruz e sim a imagem do Homem de Deus, empunhando uma cruz e sua Regra.

Após a morte de São Bento, um fiel seguidor do santo cria uma medalha na qual estão escritas iniciais de frases em latim, como se vê abaixo:

Na frente da medalha:
"Ejus in obitu nostro praesentia muniamur" = Sejamos protegidos pela sua presença na hora de nossa morte.
No verso:
CSPB = Crux Sancti Patris Benedicti (Cruz do Santo Pai Bento)
CSSML = Crux Sacra Sit Mihi Lux (A Cruz Sagrada Seja a Minha Luz)
NDSMD = Non Draco Sit Mihi Dux (Não seja o dragão o meu guia)
VRS = Vade retro, satana! (Para trás, satanás!)
NSMV = Nunquam Suade Mihi Vana (Nunca seduzas minha alma)
SMQL = Sunt Mala Quae Libas (São coisas más que brindas)
IVB = Ipse Venena Bibas (Bebas do mesmo veneno)

Mosteiro de São Bento de Olinda - PE


A fundação do Mosteiro de São Bento e sua Igreja anexa remontam aos primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil. A Ordem de São Bento veio para o Pernambuco após convite do terceiro donatário da capitania, Jorge de Albuquerque Coelho, para que se estabelecessem na colônia, oferecendo-lhes diversos benefícios e vantagens.

Chegando ao Estado de Pernambuco, em 1586, residiram primeiramente na pequena Igreja de São João Batista, transferindo-se depois para a pequena ermida de Nossa Senhora do Monte, uma das mais antigas Igreja do Brasil, esta foi doada pelo então Bispo do Brasil, Dom Antonio Barreiros. Em 27 de outubro de 1597 os monges adquiriram um terreno que se chamava à época de Olaria, junto ao Varadouro da Galeota, que pertencia a Gaspar Figueyra e Maria Pinta, mais tarde aumentado com a compra de mais três lotes vizinhos, e iniciaram a construção de um mosteiro.

O mosteiro ficou pronto já em 1599, mas logo foi destruído quando em 1632 um incêndio consumiu grande parte da cidade, deflagrado em virtude da invasão holandesa. Do fogo escaparam apenas os arquivos, e o local foi em breve reconstruído, voltando ao funcionamento em 1640 e sendo subseqüentemente ampliado. Nos diversos espaços internos do mosteiro podem ser apreciadas muitas peças de alto valor artístico, como sanefas de talha dourada, gradis de jacarandá, pinturas de episódios da vida de São Bento e retratos de velhos abades e mestres da Ordem Beneditina no país, além de rico mobiliário.

No claustro estão sepultados vários monges da abadia. Com o tempo a Ordem em Olinda se firmou e enriqueceu, contando em 1850 com 16 casas de sobrado, 24 casas térreas, outros prédios rústicos, uma fazenda, um engenho de açúcar em Mussurepe, um sítio de lenha em Beberibe, além de 254 escravos. O Mosteiro de São Bento sobrevive atualmente do seu patrimônio e das doações feitas às capelas de Nossa Senhora do Monte de Olinda e de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes.

A construção da Igreja de São Bento foi iniciada mais ou menos em 1680, após o incêndio do antigo complexo pelos holandeses, e foi terminada em 1761, segundo inscrição no óculo. Sua fachada, com desenho do mestre-pedreiro Francisco Nunes Soares, apresenta um frontispício sóbrio, com portas entalhadas em almofadas, moldura de pedra com arcos abatidos, sendo que a central é encimada por um óculo emoldurado, ladeado por janelões com gradil de ferro. No frontão com volutas há um baixo-relevo com o brasão da Ordem Beneditina. À direita, uma torre com um carrilhão.

O teto da capela-mor é decorado com pinturas que representam passagens da vida do santo fundador da Ordem e de seus monges. Do mesmo teto pendem três lampadários de prata, do século XVIII. A nave conta com um púlpito com dossel e altares laterais com imagens do século XVIII. O coro ostenta uma imagem de tamanho natural de Cristo crucificado e rodeado de anjos e de um esplendor, e a do Menino Jesus de Olinda, uma escultura em barro cozido, feita por Frei Agostinho da Piedade entre 1635 e 1639.

A sacristia é a mais rica de Olinda, com móveis esculpidos em cedro e decoração com espelhos de cristal e painéis nas paredes e teto retratando a vida de São Bento, obras de José Eloy da Conceição executadas por volta de 1785. Também ali se preserva uma pintura do século XIV da escola italiana, mostrando São Sebastião, trazida para o mosteiro em fins do século XIX, e um grande lavabo, esculpido em mármore policromado e confeccionado em Estremoz, Portugal. Outras peças importantes são um retábulo de talha dourada e um painel retratando Nossa Senhora das Dores.

A Igreja de São Bento (1761), destaca-se o magnífico altar-mor barroco, em madeira de cedro e inteiramente folheado a ouro, construído entre 1783 e 1786, sendo um dos exemplares mais belos e significativos de talha dourada no Brasil. No centro, no trono principal do altar, encontra-se a imagem do patriarca São Bento, ladeado por São Gregório Magno e por Santa Escolástica. Em 1860 foi feita uma reforma com novos douramentos. Restaurado em 2001, foi objeto de polêmica ao ser desmontado para ser remontado no Museu Guggenheim, em Nova York, para a exposição "Brasil, Corpo e Alma", em 2002. A peça de cedro, do final do século 18, tem 14 metros de altura, oito de largura e pesa cerca de 24 toneladas. Tanto corpo e tanta alma levaram três semanas para serem reencaixados, do alto dos andaimes, por 23 marceneiros no museu norte-americano, sete deles brasileiros. Houve quem considerasse o desmonte. O conjunto estava bichado de cupins, hoje reluz em total esplendor.

Em 1998, a Igreja do Mosteiro de São Bento foi elevada à dignidade de Basílica Menor pelo Papa João Paulo II, através da Carta Apostólica Spectabile Quidem.